De: Redação. E-Mail: manausmanabus@ymail.com com reportagem de Diário do Amazonas
"Espero que muitos vereadores não estejam 'no bolso' de empresários corruptos". A declaração foi feita pelo vereador Hissa Abrahão (PPS) durante uma tribuna popular para discutir a concessão da 'Meia-Passagem' estudantil no transporte coletivo que iniciou, anteontem, que acabou gerando um intenso 'bate-boca' na Câmara Municipal de Manaus (CMM). A troca de xingamentos precisou da intervenção do presidente da Casa para ser encerrada. Na tribuna popular, solicitada por estudantes, discutia-se a Emenda 10 à Lei Orgânica do Município (Loman), aquela que restringia o uso da meia-passagem, mas teve seus efeitos suspensos por meio de uma liminar.
Após a declaração de Hissa Abrahão, o vereador Leonel Feitoza (PSDB), ex-presidente da CMM, se exaltou e reagiu com grosseria: "Isso é uma falta de respeito e eu não vou admitir. Se ele (Hissa) tiver honra, que diga quem é que está no bolso de empresários. Isso é molecagem e eu não sou moleque. Eu desafio que ele diga quem é. Seja homem e diga!". Carijó tentou amenizar a situação, cortando o som do microfone de Leonel e suspendendo a reunião por cinco minutos. Outros vereadores também se sentiram ofendidos 'também..' e começaram uma discussão paralela com estudantes representantes de partidos políticos que participavam da tribuna popular.
Os vereadores exigiram uma retratação pública de Hissa e ameaçaram instaurar uma Comissão de Ética contra ele. A vereadora que mais causou 'baderna' no ano passado foi Glória Carratte (PMN) e novamente faltou com postura. "Ele (Hissa) não sabe ser vereador. Ele tem que ler o regimento, tem que nos respeitar". Um estudante então questionou a vereadora: "E a senhora sabe?". Glória reagiu: "Meu filho, cale a boca. O Enem tirou zero aqui. Cale a boca!", disse se referindo aos baixos índices da educação no Estado obtidos através do Exame Nacional de Ensino Médio, fruto da má administração política e no empenho dos políticos no Estado.
O vereador Eduardo Castelo (PSB) tentou interferir no 'bate-boca' e também recebeu 'ordem' de Carratte para se calar: "Meu amigo, fique calado, vamos acabar com a hipocrisia. Eu fui vítima também disso ('oooohh..' protesto dos estudantes no final do ano passado). (...) Eu não sou uma mulher de 'não senhor, sim senhor'. Bateu, levou, comigo", disse a vereadora. Ela não percebe que a população é o senhor da casa, e deveria ter sã consciência de que existe um patrão por lá.
Castelo avaliou que a 'Meia-Passagem' não pode ser tratada como tabu pela Câmara. "Acho que a posição do vereador Hissa é pessoal. Imagino que quando ele falou isso estava respaldado de alguma forma". Mirtes Sales disse que os estudantes que estavam ontem na CMM não tinham moral para falarem dos vereadores. "Aqueles estudantes recebem todos pela Secretaria de Produção Rural, são funcionários fantasmas. E então vêm falar de ética para a gente?". Outro estudante tentou interferir na briga e Mirtes reagiu: "Não estou falando com você. Se você quiser discutir, vá ali para fora discutir com outra pessoa". Tava afim de discutir com quem então?.
Para Elias Emanuel, Hissa deveria medir suas palavras quando estivesse na tribuna. "O que me preocupa é quando um vereador coloca sob suspeição o rito da Casa nas votações que foram sempre transparentes. Nós temos que discutir no campo das idéias e não na integridade dos membros da Casa, porque, no fundo, a Câmara se fragiliza. Uma palavra mal posta pode colocá-lo numa casca de banana". Leonel Feitoza pediu as notas taquigráficas e gravações da TV Câmara e prometeu interpelar Hissa Abrahão judicialmente.
O vereador, no entanto, diz que mantém o que disse na tribuna e que não teme retaliação. "Não há por que eu me retratar. Eu não ofendi a honra de ninguém. Eu apenas disse que esperava que ninguém estivesse envolvido no bolso do empresariado. Uma Comissão de Ética para investigar o que? Eu tenho inviolabilidade no exercício da minha palavra. Eu não disse que fulano está envolvido e tenho que provar. E eles se exaltaram desnecessariamente".
Ontem, às 12h, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) realiza uma audiência pública no Auditório Ataliba David Antônio, no Edifício Arnoldo Péres, Aleixo, sobre a concessão da meia-passagem. O mérito da questão e um recurso da CMM aguardam julgamento. O relator é o desembargador Paulo Lima.
Vereadores acham que a Câmara não é de ninguém
Alguns vereadores da CMM, acham que lá, os únicos 'mandatalhos' são eles. Mas não é dessa forma que funciona. A câmara tem sim dono, e não são eles; mas sim a população. Eles não percebem que estamos vendo de forma vergonhosa a forma que tratam a população, uma forma absurda e inaceitável para o público manauara.
Será mesmo que colocamos as pessoas certas no poder? Achamos que não, pois para ser vereador, tem que defender os interesses da população e não dos empresários do transporte coletivo. Será mesmo que alguns dos nossos vereadores tem moral para ser respeitados?. Como querem respeito se soltam essa frase para todos ouvirem: "Meu filho, cale a boca. O Enem tirou zero aqui. Cale a boca!". E ainda não percebe que a falta de políticas públicas para melhorar o desempenho na educação é causada pela morosidade de alguns deles. Para se ter respeito, têm de se dar respeito e perceber que o salário, por mais absurdo que seja, somos nós, cidadãos que os pagamos.
Infelismente, nós vamos ser obrigados a ouvir muita baixaria, algo que será um exemplo de pessoas que ficam no poder.
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